O tema transporte e mobilidade, em Goiânia, vem ganhando crescentes destaques na imprensa, na academia, junto aos empresários e formadores de opinião e junto à sociedade de forma geral. Cabe destacar que a crescente importância desta questão é reflexo de um cenário preocupante: aumento dos índices de motorização e congestionamentos; aumento da poluição; degradação dos espaços da cidade; e ainda, Goiânia detém os piores índices de acidentes de trânsito entre as capitais brasileiras.
Diversas ações conjuntas aconteceram na Semana Nacional de Trânsito, relacionadas a este tema: Seminário na UFG, com a apresentação de palestras relevantes no contexto nacional e de projetos de pesquisadores da universidade em busca de melhorar a mobilidade; lançamento do Instituto Cidade, juntamente com o lançamento do e do Fórum da Mobilidade Urbana da Região Metropolitana de Goiânia, o que irá constituir um importante espaço de discussão sobre as questões afetas ao tema; eventos relacionados a bicicletas; manifestos; e lançamento de um comitê Técnico sobre Trânsito e Circulação, vinculado à Rede Metropolitana de Transportes Coletivos, que contribuirá, sobremaneira, para discussões técnicas dos problemas de fluidez das vias da Capital e Região Metropolitana.
Este conjunto de fatores reflete a insatisfação da situação atual dos deslocamentos na cidade e dos crescentes custos, sociais, econômicos e sociais advindos da situação atual, assim como a mobilização de diversos segmentos sociais na busca pela melhoria da mobilidade em Goiânia.
Para fomentar as discussões que se iniciaram, destaca-se um elemento importantíssimo na busca pela melhoria da mobilidade: um processo de planejamento integrado das cidades, que procure conciliar o uso e ocupação do solo com os sistemas de transporte e garantir a mobilidade das pessoas. Como um dos produtos deste planejamento, para Goiânia e Região, urge se pensar em viabilizar um Plano Diretor de Transportes e Mobilidade.
O Plano Diretor de Transporte e Mobilidade deve contemplar etapas de levantamento de dados, diagnóstico, estabelecimento de objetivos, metodologias, cronogramas, recursos, dentre outros; ser avaliado de tempos em tempos, de forma a alimentar continuamente o processo de planejamento, assim como a revisão das propostas, pois a cidade é um organismo dinâmico, e a mobilidade necessita acompanhar tal dinamismo.
Este Plano deve começar a partir da formação de uma base de dados sobre a Região Metropolitana, com dados adequados e confiáveis, sendo indispensável conhecer como as pessoas se deslocam na região. Isso se chama Pesquisa Origem-Destino, que permite analisar, quantitativamente, quantos deslocamentos são realizados; onde as pessoas estão e para onde vão; os horários; os meios de transporte utilizados e as vias mais demandadas. A partir desses dados iniciais, em conjunto com informações sobre uso e ocupação do solo e sistemas de transporte, é possível se projetar alternativas de atuação, visando uma situação desejada.
Goiânia realizou sua última pesquisa Origem-Destino em 2000, que englobou parte da Região Metropolitana. Ou seja, há 10 anos não se sabe como as pessoas se movimentam. Como planejar transporte e mobilidade dessa forma?
É hora de se estabelecer um processo de planejamento integrado para a cidade, incluindo a mobilidade das pessoas; e implementar as ações planejadas. Afinal, deve-se buscar manter e melhorar ainda mais a qualidade de vida nesta capital e região.
Erika Cristine Kneib é arquiteta urbanista, doutora em transportes, professora adjunta e pesquisadora na UFG.
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